Quando vemos notícias hoje sobre IoT, sempre vem ligado à alguma novidade tipo a implementação do 5G, inteligência artificial e automação residencial, mas na realidade brasileira os dispositivos inteligentes são inacessíveis, sejam por um ponto menos crítico que é o custo, como também a complexidade de integração e uso.
Atualmente temos as categorias de empresas que criam e desenvolvem os integradores, que provêem as centrais de controle e os protocolos de comunicação; e as que criam os dispositivos smart, e provêem alternativas para uma ou mais integrações. As que desenvolvem os dispositivos mais acessíveis, geralmente chinesas ou nacionais, têm um grande desafio de prover comunicação com o Apple Homekit, Google Home Assistance, Alexa, dentre outros menores; e nem sempre provêem integração com as três. Mesmo com iniciativas como a anunciada pela Apple em 2019 que visa criar protocolos (Connectivity Standards Alliance), essa comunicação múltipla vem caminhando de uma forma lenta, o que leva a um cenário em que um usuário de vários dispositivos, controlados por vários aplicativos, acabam tendo pouca interatividade.
Essa falta de comunicação, acaba tornando os dispositivos nem tão inteligentes, atrapalhando no que deve ser um dos principais objetivos do IoT, que é a comodidade. Entram aqui algumas alternativas que acabam facilitando a integração, como também a customização de ações, como o Home Assistant e o Home Bridge. Ambas plataformas funcionam de forma self-hosted, e necessitam de um servidor, seja ele um computador convencional, ou o mais comum de ser utilizado: microcontroladores. Uma vez configurada, as plataformas em conjunto aos seu ferramental (plugins), podem servir de gateways para comunicação dos dispositivos às centrais, mesmo que eles não tenham uma integração nativa à sua central.
Para chegar num cenário de autonomia sobre as ferramentas, e um certo nível de usabilidade seja alcançada, os entusiastas têm de ter algum prévio conhecimento em redes, física eletrônica, programação, comunicação de APIs, microcontroladores, autenticação de serviços, sistemas operacionais Linux ou em manipulação de arquivos de configuração. Com isso, hoje temos pouco conteúdo centrado no uso de IoT, podemos achar com facilidade canais de YouTube centrados em dispositivos inteligentes, os que focam em DYI/Maker - como Arduino, eletrônica, mecânica, etc., exemplos: kits didáticos da RoboCore e MakerHero - mas são poucos que constroem uma base para termos autonomia nos assuntos citados, e que vão se preocupar em ligar os assuntos com práticas como orientação a objetos ou controle de rede e segurança.
Os problemas existentes mostram uma grande dependência dos ambientes acadêmicos para iniciação de estudantes, geralmente dos cursos de Ciências da Computação e Engenharias, que por tendência do mercado se especializam em matérias com maior demanda, fazendo com que as casas inteligentes sejam acessíveis para poucos que podem investir alguns milhares de reais, e com usabilidade e customização apenas para quem se aprofunda no tema por curiosidade.